21 de dezembro de 2010


Chove. Chove lá fora. Chove cá dentro. Chove intensamente, como há algum tempo não chovia. Chovem memórias de momentos, de pessoas, disto e daquilo. Chovem lembranças de partilha, de alegria, de tristeza, de amizade, de amor, de paixão.
Alguma dessa chuva é quente, e reside na essência dos momentos que passaram, que passam e que hão de passar. Alguma dessa chuva é indiferente, passou e não voltará a passar. A restante chuva é fria, agora inalcansável, e parece terrivelmente distante no tempo, como se fugisse das mãos, mas não da memória. É dessa chuva que quero fugir, mas não consigo. Talvez por fazer doer de mais a ausência, por doer saber que o calor de outros tempos é agora apenas uma ilusão, e que, infelizmente, não foi possível conjugar todo o presente com parte do passado.
Lá fora a chuva parou. Cá dentro a chuva continua, até que por fim as nuvens passem e tudo se evapore, até que tudo não passe de um mal entendido, até ao dia... Em que finalmente for capaz de resolver esta tempestade, estupidamente criada, estupidamente ainda alimentada, sem origem nem destino.

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