11 de julho de 2010

Tempo


O tempo vai passando e com ele traz o peso de responsabilidades acrescidas, da expectativa que recai sobre nós, bem como tudo aquilo de bom e mau que já possa ter acontecido. É assim mesmo, e esquecer o que de mau passou é como esquecer os melhores momentos da nossa vida: impossível.
A memória permanece. Com ela, ficam os pequenos apontamentos mentais disto e daquilo, de espaços, pessoas, palavras, enfim, daquilo que realmente nos toca e mexe em nós como personalidades pensantes, que nos torna aquilo que realmente somos no íntimo. É esta memória que tanto nos conforta como nos deixa em baixo, pelos melhores e pelos piores motivos. É esta memória que pesa, no bom e no mau sentido.
A inspiração falta. Algumas vezes por haver demasiados assuntos por resolver. Muitas vezes por não haver nada que possa efectivamente ser resolvido. Demasiadas vezes por falta de coragem para encarar a realidade.
É tão difícil fechar os olhos e ver exactamente aquilo que se tenta evitar a todo o custo. Igualmente difícil é admitir que errámos, que fizemos a escolha menos acertada possível, que estamos mal por isso, que a culpa é inteiramente nossa. É doloroso estar rodeado de sons, cores, pessoas e, no entanto, tudo parecer complicadamente monótono, exageradamente solitário.
Apesar de tudo, o tempo cura. É ele que permite sarar todas as feridas deixadas pela vida, pela mágoa, pelo desgosto, pela desilusão, e é ele que faz permancer a memória, para o bem e para o mal. O resto são palavras soltas.

1 comentário:

  1. Bem... adorei, escreves muito bem mesmo...
    Se nós tivessemos o poder de esquecer esses maus momentos era tudo muito mais fácil... mas temos de aprender a viver com eles, embora seja difícil não é impossível... Basta olhar para as boas fases e concentrarmo-nos nelas, ou simplesmente estar com as pessoas certas, ou nos lugares acertados... :)
    Beijinho

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